Tomás Bica Mumbundo integra a lista de “candidatos” a membros do Comité Central do MPLA que já aprovou a lista dos 134 nomes a ser aprovada no 7.º Congresso Extraordinário, de 15 de Junho. É, entre muitos outros, o paradigma daquilo que os dirigentes do partido mais gostam: bajulação. Ontem bajulou (tal como fez João Lourenço) José Eduardo dos Santos e hoje bajula João Lourenço. Amanhã logo se verá…
Em Setembro de 2014 a JMPLA, em Luanda, garantia que continuaria a trabalhar em prol do crescimento da organização, na perspectiva de manter-se firme e intransigente na defesa dos ideais do MPLA (partido no poder desde 1975) e do seu líder, José Eduardo dos Santos.
A determinação foi reiterada, em Luanda, pelo seu primeiro secretário provincial, exactamente o mesmo Tomás Bica Mumbundo, em declarações à Angop, a propósito dos renovados desafios que se colocavam à juventude angolana, num momento singular para o país, que exigia a sua disponibilidade e participação nos esforços tendentes ao desenvolvimento.
“Continuaremos determinados a defender os princípios e valores que visam a manutenção das conquistas já alcançadas pelo Povo angolano, desde os primórdios da nossa luta, transmitindo as novas gerações quanto custou a liberdade”, sublinhou Tomás Bica Mumbundo.
“O país que temos, hoje, viveu momentos muito difíceis para desfrutarmos agora o sabor do progresso e do desenvolvimento. Por isso, devemos unir-nos em torno do MPLA e do seu líder, José Eduardo dos Santos, defendendo Angola e os angolanos contra todas atitudes divisionistas (…)”, asseverou.
Neste sentido, Tomás Bica Mumbundo indicou que o novo comité provincial da JMPLA, eleito no quadro da sua XII conferência ordinária de balanço e renovação de mandatos, aguardava com expectativa as linhas programáticas que sairão do congresso ordinário da organização juvenil, convocado para os dias 17 e 18 de Outubro desse ano.
“A JMPLA, em Luanda, orienta-se num plano programático, elaborado em sede da evolução do país e da sociedade em geral e, fruto das recomendações e orientações que saírem do congresso, vamos constituí-las em Plano de Acção para sua materialização no dia-a-dia”, realçou.
Tomás Bica apontou na altura que a representação provincial seria de 115 delegados, mandatados para transmitir informações sobre o grau de implementação do Plano Nacional da Juventude, resultante do amplo movimento de auscultação liderado pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Lembrou que, durante a conferência ordinária da JMPLA em Luanda, foi eleito um comité provincial integrado por 95 membros, dentre os quais sete candidatos ao Comité Nacional da organização.
Tomás Bica Mumbundo, com muitos outros militantes e parasitas do partido, está sempre junto à gamela de quem está no poder. Será crime estar ontem de joelhos e a beijar a mão do “escolhido de Deus” e, hoje, já estar do lado dos que dizem que, afinal, José Eduardo dos Santos era o “escolhido do Diabo”? Não. Não é crime. Aliás foi exactamente isso que fez o actual Presidente do MPLA, João Lourenço. Portanto…
A 17 de Fevereiro de 2016 o Folha 8 publicou um artigo do Mestre em Lusofonia, o angolano Eugénio Costa Almeida, em que este analisava o mal-estar provocado pela crise e que atingia também os partidos.
A determinado ponto dessa análise, Eugénio Costa Almeida escreveu:
“A nível do maioritário também as coisas parecem não estar a correr pelo melhor com dirigentes a dissertarem disparates como “comam atum em vez de bifes” (desconhecendo que a comunidade científica internacional quer uma suspensão de captura de tunídeos devido à sua escassez); ou Virgílio de Fontes Pereira apresentou a sua demissão do cargo de presidente do Grupo Parlamentar do MPLA na Assembleia Nacional, porque o não estaria a suportar a pressão a que está sujeito da parte dos “mais velhos” com quem não estaria a ter uma relação pacífica e a “velha guarda parlamentar” terá escolhido o deputado Salomão Xirimbimbi para dirigir os trabalhos da bancada do maior partido angolano na Assembleia Nacional; ou o caso do jovem Tomás Bica Mumbundo, primeiro-secretário da JMPLA que a Comissão de Disciplina e Auditoria do Comité Nacional deste órgão de juventude do MPLA, chefiada por Yolanda Sousa e Santos, terá mandado suspender porque aquele estaria a fazer “uma agenda própria” sem dar a conhecimento aos restantes membros de direcção da JMPLA”.
A JMPLA enquanto mero instrumento do partido está, e tem razões para isso, preocupada com o comportamento que os jovens angolanos apresentam nos últimos tempos. Isto porque, ao contrário do que era habitual, a juventude começa a pensar pela própria cabeça, recusando a regra de ouro do regime que sempre visou formatá-la e domesticá-la.
Tomás Bica, cumprindo em rigor as ordens superiores (ontem de Eduardo dos Santos, hoje de João Lourenço e amanhã de quem venha a estar no poder) sempre defendeu a necessidade ancestral e atávica de reeducar a população.
“A estabilidade familiar é a estabilidade que se pretende, porque as famílias constituem a primeira e a mais antiga instituição de toda sociedade, razão pela qual famílias estáveis significam Estados estáveis, de tal ordem que pedimos à sociedade que o país seja estável, mas é preciso que, primeiramente, as famílias estejam estáveis”, disse em 2013 Tomás Bica numa tirada filosófica que, só por si, foi na altura paradigma do estado actual de alguns dos jovens… do MPLA., tal como é hoje paradigma da sociedade.
Por sua vez a directora do Gabinete de Cidadania e Sociedade Civil do MPLA, Fátima Viegas, entendia que “um dos remédios está na educação e outro está no papel que a família, enquanto esfera socializadora, deve fazer, porque estes jovens saíram de uma família. Se desta família eles não receberem, eles também não podem dar”.
Certo é que, reiteradamente, a JMPLA necessita de mostrar serviço no âmbito da formação político-patriótica, de modo a inculcar na sociedade que sem o MPLA seria o desastre total.
Os meninos do regime ainda não atingiram a fase de pensarem livremente. Quando lá chegarem, se chegarem, só não vão zarpar da MPLA porque as balas e os jacarés estão prontos para satisfazer os ávidos apetites sanguinários dos que matam primeiro e perguntam depois. Quer os jovens autómatos do regime queiram ou não, nem todos os jovens concordam que o dia 14 de Abril, que consagra o dia da juventude do MPLA, em memória de Hoji Ya Henda, o patrono da JMPLA, seja igualmente considerado o Dia da Juventude angolana.
Será, com certeza, difícil ou até mesmo inexequível encontrar uma data que gere unanimidade. Em democracia o melhor que se consegue, quando se consegue, é um consenso. Encontrar, ou até mesmo criar de raiz, um dia que esteja equidistante das datas assinaladas pelos diferentes partidos seria, cremos, a melhor solução para homenagear todos os jovens angolanos que, de facto, merecem ter um dia que assinale o seu contributo em prol do país.
Desde a independência que Angola tem comemorado – com um enorme abuso de poder e unicidade só aceitável nos países de partido único – o 14 de Abril como o Dia da Juventude Angolana. Com a suposta, vacilante e morta à nascença abertura ao multipartidarismo teórico e académico, urge que se pense e actue com a abertura de espírito necessária para implantar um sistema político que albergue a diversidade de opiniões como uma mais-valia de incalculável valor patriótico. Mas essa meta está longe. Quando Tomás Bica, João Pinto, Luvualu de Carvalho, Pedro Sebastião e quase todos os outros são o espelho do MPLA, só mesmo quando os jacarés tiverem rodas é que Angola será um Estado de Direito.
Não é sério, muito menos legítimo e democrático, que se continue a subjugar toda a juventude, bem como todo o resto da população, às teses do partido reinante. De facto, a comemoração com toda a pompa e mordomias inerentes do 14 de Abril era (e poderá continuar a ser) aceitável como marco interno do MPLA e não como algo que possa representar toda a juventude de um país que, também nesta matéria, pretende respeitar e enquadrar-se nas regras de um Estado de Direito, passada que tende a ser (mesmo perante a bélica posição do regime), embora à custa de prisões, torturas e assassinatos, a fase em que Angola era o MPLA e o MPLA era Angola.
Embora no MPLA nem todos tenham consciência disso, o país é hoje outro, amanhã será ainda um outro, pelo que não pode haver receitas unilaterais feitas à medida, e por medida, de um regime que só conhece a razão da força.
Importa que o regime compreenda, embora a isso seja alérgico, que em democracia quem mais ordena é o Povo. E esse Povo não pode estar sujeito a regras que mais não são do que perpetuar o culto sabujo e bajulador a valores e pessoas que em vez de o servirem se servem dele.
De facto, o Governo não tem tido vontade, embora tenha os meios, para resolver problemas do Povo, sejam eles da fome, da miséria, da água, da luz, do lixo, da saúde ou da educação da população em geral. No que tange à juventude, esta não tem casa, não tem educação (embora seja educada), não tem emprego e não tem futuro.
Por tudo isto, e não só, a juventude quer mais do que nunca ser ouvida e ter, para além de uma voz gritante e activa, possibilidade de dizer de sua justiça, de participar na vida do seu país. O regime ao obrigar os jovens a aceitar como única a lei do mais forte está a atirar a juventude para as margens da sociedade. E, muitas vezes, demasiadas vezes, quando se está na margem escorrega-se para a marginalidade como antecâmara da violência, da criminalidade ou até da guerra.
Em declarações à Angop, à margem do VI Congresso do JMPLA que decorreu em Outubro de 2009, sob o lema “JMPLA – a certeza de um futuro melhor”, Kundi Paihama frisou que é de louvar a vontade dos jovens virada para o progresso e desenvolvimento do país.
Kundi Paihama destacou o desempenho dos jovens pela causa da nação, abrindo caminho para uma renovação maciça nos vários domínios da vida humana, principalmente no desenvolvimento intelectual, académico e científico, que são mais-valias para o progresso de uma pátria.
“Estamos cientes do bom e grande trabalho da direcção do Secretariado Nacional da JMPLA, e acreditamos que os futuros dirigentes farão o seu melhor, não só porque as condições serão outras, mas pelo compromisso assumido com o povo”, sublinhou Kundi Paihama, asseverando igualmente que graças ao contributo dos jovens do partido, e não só, Angola conseguiu alcançar vários patamares nos círculos internacionais, nomeadamente político, económico, desportivo e cultural.
Embora seja tudo verdade, a juventude de hoje já consegue (em muitos casos de forma brilhante) pensar pela sua própria cabeça. Não admira, por isso, que muitos jovens ao ouvir estas palavras se recordem igualmente que foi o próprio Kundi Paihama que disse que em Angola existem dois tipos de pessoas, os angolanos e os kwachas, tal como aconselhou estes a comer farelo porque “os porcos também comem e não morrem”.